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PIPA realiza debate sobre captação de recursos com gestores de organizações periféricas no Festival ABCR

Por Carla Ninos, coordenadora de comunicação da Iniciativa PIPA


No início de julho, a PIPA participou da 16ª edição do Festival ABCR 2024, realizado pela Associação Brasileira de Captadores de Recursos (ABCR),no Centro de Convenções Frei Caneca, em São Paulo (SP). Considerada a maior conferência de captação de recursos da América Latina, este ano contou com 1.030 inscritos, e já é a maior da história do evento, mostrando a importância do debate sobre captação de recursos para Terceiro Setor no Brasil. Ou seja, um espaço importante para ser ocupado e territorializado por gestores de organizações periféricas, mais uma estratégia da PIPA, que contou com a parceria da ABCR. 


Marcelle Decothé em plenária no Festival ABCR. Foto: Festival ABCR


No primeiro dia do evento, Marcelle Decothé, diretora e sustentabilidade e estratégias da PIPA, esteve na plenária sobre “O potencial da articulação territorial para ampliar a captação de recursos”, juntamente com Carol Farias, líder do Dia de Doar, Dhay Borges, do Doa Salvador, e Marciane Campos, do DOA Tocantins. Marcelle destacou que as pessoas, historicamente, marginalizadas precisam acessar recursos diretamente, sem intermediários. E a PIPA tem como principal missão, contribuir para democratizar os recursos da filantropia e do ISP, isto é, torná-los acessíveis às organizações, coletivos e movimentos de base favelada e periférica de maneira ampla e equitativa em termos de raça, gênero e classe.


“A partir da compreensão da dificuldade de acessar recursos, entendemos que essa é uma realidade. E se eu estou falando do Rio de Janeiro, que é um centro urbano do Sudeste, você imagina o quanto pode ser desafiante em outras regiões do Brasil. Então, a partir dessa percepção, a gente criou a Iniciativa PIPA e sentamos com grandes associações para criar nosso planejamento estratégico e a nossa teoria de mudança, que é democratizar o acesso ao recurso para o Brasil para que mais pessoas negras, mulheres, LGBTQIAPN+, para que territórios onde, historicamente, há ausência de investimento, consigam acessar recursos”.


Rede PIPA debatendo captação de recursos no Festival ABCR. Foto: Festival ABCR


No segundo dia do Festival, a PIPA esteve no palco 1 para debater sobre “Periferias e Captação de Recursos: desafios e caminhos para avançar”, juntamente com gestores de organizações de periferias, que fazem parte da Rede PIPA, a primeira rede de periferias criada para debater o ecossistema de doação no Brasil. Carla Ninos, coordenadora de comunicação da PIPA, mediou o debate com Débora Silva (Sim! Eu Sou do Meio), Daniel Paixão (Associação Fruto de Favela e startup Hub), Jander Manauara (Associação Intercultural de Hip Hop Urbanos da Amazônia) e Antonieta Costa (Instituto de Mulheres Negras de Mato Grosso), sobre a inclusão das periferias no contexto de captação de recursos.


“É importante respeitar o processo que nos levou ao festival. Hoje, nós temos a pesquisa (Periferias e Filantropia)  e o Guia (das Periferias para Doadores) que embasam o debate que queremos fazer no campo e, ainda, temos um nome forte, que é a Iniciativa PIPA, que se empodera e marca posição no campo e, também, está junto dos territórios e, agora com a Rede PIPA, que agrega lideranças de organizações que representam várias regiões, biomas, territórios e periferias do país; tudo isso nos fortalece enquanto gestores de organizações de periferias”, analisa Jander Manauara.


Periferias em Rede


A Iniciativa PIPA lidera, nos últimos anos, o movimento para reestruturar o setor da filantropia e do investimento social privado (ISP) no Brasil, encorajando uma revisão crítica das práticas filantrópicas, suas operações e impactos; a partir do fomento de dados, com o lançamento das pesquisas Periferias e Filantropia e Guia das Periferias para Doadores; através da incidência estratégica em áreas, atores e temas centrais do campo; além de difundir narrativas que levem a uma mudança na distribuição de recursos, garantindo que cheguem aos territórios periféricos, mais afetados pela desigualdade e pela falta de investimentos.


Daniel Paixão no encontro realizado pela Iniciativa PIPA em parceria com Confluentes. Créditos: Gabriel Marcondes


E fazendo parte da estratégia institucional que objetiva aproximar gestores de organizações periféricas e doadores do setor, a Iniciativa PIPA, em parceria com Confluentes, realizaram o primeiro encontro “Periferias em rede: Estabelecendo conexões com a filantropia”, na noite de primeiro de julho, reunindo lideranças de várias regiões do país. O momento foi uma oportunidade para doadores e atores de instituições do setor, conhecerem as diversas realidades de organizações de periferias, seus impactos nos territórios, desafios e estratégias. Bem como, foi a primeira vez que, lideranças de periferias sentaram, frente a frente, com quem tem o poder de decisão sobre o destino dos recursos. 


Os protagonistas do encontro foram: Antonieta Costa (Cuiabá-MT), fundadora do Instituto de Mulheres Negras de Mato Grosso e do Centro Cultural Casa das Pretas; Jander Manauara (Manaus-AM), diretor cultural da Associação Intercultural de Hip Hop Urbanos da Amazônia; Daniel Paixão (Paulista-PE), presidente da Associação Fruto de Favela e criador da startup Hub Periférico; e Débora Silva (Belford Roxo-RJ), fundadora da ONG Sim! Eu Sou do Meio. 


Débora Silva no encontro realizado pela Iniciativa PIPA em parceria com Confluentes. Créditos: Gabriel Marcondes


“Foi histórico ter a oportunidade de ser ouvida, diretamente, por doadores. A prática no campo da captação é guardar na caixinha os doadores, a PIPA vem com outra proposta, descentralizar conexões, redes e recursos, que ficam represados, historicamente, com as grandes organizações lideradas por pessoas brancas. Saio dessa experiência com um misto de que temos muito a avançar, principalmente, quando falamos em ‘dinheiro’ que significa ‘poder’. Esse poder não está nas mãos de mulheres negras que atuam em seus territórios. Saio mais focada na missão de dar visibilidade às pessoas da Baixada Fluminense (RJ) e de captar recursos, não só para o meu trabalho, mas para potencializar outras organizações na Baixada que atuam com pouco e tem um impacto gigantesco”, comenta Débora Silva, gestora da organização Sim! Eu Sou do Meio.


Marcelle Decothé finaliza que “a rede PIPA é composta por movimentos e organizações sociais de todo o país, ocupar o espaço do Festival ABCR apresentando tecnologias de mudança, a reflexão sobre doação e captação de recursos, a partir de uma perspectiva local, focalizada em realidades distintas dos quatros cantos do Brasil, foi transformador. Seguimos em rede, ocupando os espaços de reflexão sobre doação e filantropia, vocalizando nossa principal premissa: AS PERIFERIAS TÊM RESPOSTAS!".

 


 
 
 

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